Por: Michael Guerreiro, com edição de Catarina Araújo
Neste post vou falar-vos da viagem que fiz a Marrocos, em Março de 2024, com um grupo da Quimera. Esta foi a segunda vez que fui a Marrocos com a Quimera Travel Experiences. A primeira vez, em 2022, fizemos um circuito mais cultural, em Fez, Tangêr e Chefchaouen. Mas ficamos com vontade de conhecer mais, principalmente a região do povo berbere. Optamos então por organizar uma viagem às Montanhas do Atlas e ao Deserto. O grupo foi incrível e a experiência totalmente imersiva e memorável. Em 2025 vamos repetir esta experiência. Para mais informações, clica no botão abaixo.
Esta viagem foi planeada à distância, e para tal contamos com o apoio fundamental de um parceiro local muito experiente. Começamos a planear com 18 meses de antecedência.
Em outubro de 2023 um grande terramoto abalou a Cordilheira do Atlas, precisamente no local onde tínhamos planeado a viagem. Sentimos o terror, choramos por este povo tão querido… Instalaram-se o medo e as preocupações, mas prevaleceu a vontade de ajudar este povo irmão que, de uma forma exemplar, não baixou os braços e voltou a erguer-se. Pensamos que, sendo o turismo essencial para a economia desta região, se este parasse, aí é que a calamidade se instalaria. Mantivemos o contacto com o nosso parceiro e decidimos ir em frente e tranquilizamos quem nos acompanhou e confiou em nós.
No dia da viagem houve a correria e nervosismo habitual destas situações, mas mantive sempre um estado de espírito tranquilo e sereno. No aeroporto, encontro velhos amigos de outras aventuras e conheço pessoas novas que também se tornaram rapidamente amigos. A viagem decorre sem contratempos e revezes e procuro transmitir calma a todo o grupo.
Chegado a Marraquexe, encontrei o nosso parceiro e preparamos toda a logística. O primeiro jantar de grupo foi muito importante e onde começamos a criar laços. Daí em diante seríamos como uma pequena família.
O primeiro dia de caminhada no Atlas foi de adaptação. Conhecemos o nosso guia local e restante equipa, o cozinheiro, carregadores e muleteiros, que nos acompanharam nos seguintes dias na montanha. Tomamos um chá de boas vindas e começamos a caminhar. A constatação da realidade da devastação do terremoto não se fez esperar. Passamos por algumas aldeias devastadas, algumas pessoas deslocadas e a viver em tendas. Mas também pudemos ver a esperança presente nos sorrisos das crianças com quem nos íamos cruzando. Fomos sempre recebidos em festa, como se fossemos uns heróis…
Durante esses dias de trekking no Atlas, o tempo estava instável e uma tempestade estava a passar perto de nós. Superamos alguns desafios físicos e mentais e deparamo-nos com um país de contrastes, com uma realidade muito crua e assimétrica, em que palácios luxuosos convivem ao lado de situações de pobreza extrema. Mas, sem dúvida, um país muito lindo!
Ao longo dos dias, os laços entre os elementos do grupo foram se estreitando e foi crescendo um sentimento geral de amizade e apoio mútuo. As paisagens pelas quais íamos passando eram de uma beleza surreal e superaram todas as expectativas. O que vivemos foi diferente, real e belo: os costumes, as refeições que nos prepararam, os alojamentos em que ficamos.
Nos dias do trekking, os nossos almoços eram preparados por um cozinheiro que também estava a fazer a travessia do Atlas, juntamente com as mulas que carregaram as nossas malas. Eles chegavam ao local do almoço, descarregavam as panelas e o fogão a gás e preparavam-nos uma refeição feita com produtos locais: lentilhas, saladas, atum, etc. Quando chegamos ao local já uma grande manta estava posta no chão com almofadas e o almoço servido. No final, não podia faltar o famoso chá de menta…
No último dia do trekking, fomos presenteados com a queda de neve, o que me deu um sentimento de felicidade e me fez regressar à minha infância. Após três dias a caminhar pela cordilheira do Atlas, chegamos a Imlil, o centro do turismo de montanha de Marrocos, onde se concentram muitos montanhistas que vão à conquista do Toubkal.
Não podíamos ir a Marrocos sem presenciar um pôr e nascer do sol no deserto. Por isso, no dia seguinte à aventura no Atlas, dirigimo-nos num confortável mini-bus para o deserto. Pelo caminho, passamos a impressionante passagem de montanha Tizi-n-Tichka, visitamos um oásis ribeirinho e fotografamos os Kasbahs - conjunto de habitações de adobe que albergam famílias e gado. Visitamos também os Estúdios de Cinema Ouarzazate, onde foram filmadas algumas produções como a Jóia do Nilo, o Gladiador, Alexandre o Grande e Babel.
A nossa dormida foi na impressionante Garganta do rio Dades. A estrada em ziguezague serpenteia a montanha, de onde se podem observar paisagens maravilhosas. Em baixo, junto ao rio, forma-se um canyon estreito, com paredes rochosas e avermelhadas. Os habitantes das aldeias berberes são muito acolhedores e sentimo-nos sempre bem recebidos.
Do vale do rio Dades, partimos para Merzouga, a porta de entrada no deserto. Paramos na Garganta do rio Todra, com os seus desfiladeiros de 300m que formavam uma paisagem exuberante. Nestes desfiladeiros existem alguns trilhos de escalada e de trekking.
Em Merzouga, depois de nos abastecermos com alguns mantimentos para o deserto, fomos fazer um passeio de camelo ao pôr do sol até um acampamento nas dunas de Erg Chebbi. Depois de um típico jantar marroquino, dormimos numa alojamento ao estilo da típica tenda nómada, que era bastante confortável. No dia seguinte acordamos cedo, antes do nascer do sol, para regressarmos de camelo para Merzouga.
Foi tudo mágico, desde a viagem em camelos à pernoita em tendas no deserto.
Em Erfoud, visitamos o Macro Fósseis Kasbah. Existem milhares de fósseis nesta área, de trilobites e outras criaturas fossilizadas. Aqui os fósseis são cortados em várias formas, polidos e vendidos na loja.
Chegamos ao nosso Riad em Marraquexe ao final do dia. Os riads são típicas habitações marroquinas, com um jardim interno e uma exuberante decoração de azulejos coloridos.
Em conclusão, foi uma experiência muito completa, com cenários de cortar a respiração. O grupo foi coeso e amigo. Em breve a Quimera vai voltar a este país, onde se sente tão bem.
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