215409974522199
top of page

As Ilhas das Flores e do Corvo - Grupo Ocidental do Arquipélago dos Açores

Atualizado: há 4 dias


Poço da Ribeira do Ferreiro - Ilhas das Flores

Flores - A Ilha Rosa


No extremo ocidental do arquipélago dos Açores — e de toda a Europa — ergue-se a Ilha das Flores, um pedaço de terra de apenas 141,4 km² que acolhe 3 428 habitantes (Censos 2021). Com 16,6 km de comprimento e 12,2 km de largura máxima, esta ilha partilha com o vizinho Corvo, situado a 17,9 km de distância, a designação de Grupo Ocidental. O seu ponto mais elevado, o Morro Alto, atinge os 914 metros de altitude, oferecendo uma vista deslumbrante sobre crateras, lagoas e vales profundos.



O nome “Flores” deve-se à abundância de vegetação colorida que cobria a paisagem, sobretudo os cubres amarelos, e a ilha ganhou também o apelido de “Ilha Rosa”, em alusão às azáleas e hortênsias que pintam os caminhos e encostas. Na Ilha das Flores, o verde luxuriante da vegetação mistura-se com cascatas que despencam pelas falésias, lagoas formadas em crateras e uma costa recortada de rara beleza.


Descoberta por navegadores portugueses em meados do século XV, as Flores conheceram um povoamento difícil e tardio, marcado por tentativas flamengas falhadas e apenas consolidado no início do século XVI. Desde então, a ilha foi palco de episódios históricos ligados à navegação atlântica — desde os ataques de corsários até à caça à baleia — mas sempre manteve a sua essência: um território remoto, selvagem e profundamente ligado à natureza.


Ao contrário de todas as outras ilhas açorianas, que estão sobre a placa euroasiática ou muito próximas da junção tripla das placas (Euroasiática, Africana e Norte-Americana), as Ilhas das Flores e Corvo estão claramente situadas na Placa Norte-Americana.


A Ilha das Flores faz parte, desde 2009, da Rede Mundial de Reservas da Biosfera da UNESCO. Essa classificação permite que se mantenham intocadas as características únicas da região, como a vegetação, a flora e a fauna, que encantam os visitantes. Dentro da ilha, existem várias áreas protegidas específicas, que fazem parte do Parque Natural das Flores (criado em 2008):


  • Reserva Natural do Morro Alto e Pico da Sé (abrange o planalto central, lagoas e turfeiras).

  • Monumento Natural das Grutas e Algar do Pico do João Martins.

  • Áreas protegidas para a gestão de habitats ou espécies, como as ilhéus da costa.

  • Áreas de proteção especial para aves (ZPEs, no âmbito da Rede Natura 2000).


A Ilha das Flores é um jardim intocado no Atlântico, um lugar onde a tranquilidade, a autenticidade e a beleza natural se fundem num cenário inesquecível.


Paisagem Natural e Geossítios


As 7 crateras vulcânicas e respetivas lagoas


No planalto central da Ilha das Flores, as sete lagoas formam um cenário ideal para fotografias de viagem. As lagoas são, na verdade, crateras vulcânicas que resultaram de erupções hidromagmáticas. Com o fim da atividade vulcânica, as crateras ficaram como depressões fechadas, sem escoamento natural para o mar. Ao longo do tempo, estas cavidades foram-se preenchendo com água da chuva e com a água das nascentes, formando as atuais lagoas. A impermeabilidade relativa do solo vulcânico (com camadas de cinzas e tufos compactados) ajudou a reter a água.



Algumas lagoas são permanentes (como a Negra ou a Comprida), devido à acumulação constante de água. Outras, como a Lagoa Seca, enchem apenas em períodos de maior pluviosidade, funcionando como reservatórios temporários. Rodeadas por turfeiras e vegetação endémica, estas lagoas formam um geossítio de grande valor paisagístico e ecológico.


  • Lagoa Negra (Caldeira Funda) – a mais profunda dos Açores, com cerca de 110 metros, deve o nome à cor escura das suas águas, realçada pela profundidade e pela envolvência das encostas.

  • Lagoa Comprida – localizada junto da Negra, contrasta com esta pelo formato alongado e pelas tonalidades mais claras, formando em conjunto com esta uma das imagens mais icónicas da ilha.

  • Lagoa Branca (Caldeira Branca) – cercada por um anel de tufos vulcânicos, apresenta águas mais claras e é ponto privilegiado para observação de aves migratórias e residentes.

  • Lagoa Funda – embora menos profunda do que a Negra, mantém grande imponência e está rodeada por vegetação luxuriante que reforça a sua atmosfera serena.

  • Lagoa Rasa – situada a cotas mais elevadas, oferece vistas amplas sobre o planalto central, complementando o conjunto Negro-Comprida com outra perspetiva.

  • Lagoa da Lomba – mais isolada, no sector leste da ilha, é a única do grupo onde os visitantes podem aproximar-se significativamente das margens.

  • Lagoa Seca – distingue-se por estar habitualmente sem água, enchendo apenas em épocas de maior pluviosidade, quando se transforma em refúgio temporário para aves migratórias.


O conjunto das Lagoas Negra, Comprida, Seca e Branca formam um dos geossítios mais emblemáticos do Geoparque Açores. Classificado como área de elevado valor científico e paisagístico, este geossítio integra a Reserva Natural do Morro Alto e Pico da Sé. Para além da beleza cénica, o local assume grande importância ecológica, funcionando como refúgio para aves migratórias e como reservatório natural de água doce.


O ponto mais conhecido para admirar estas lagoas é o Miradouro das Lagoas, de onde se obtém a famosa imagem das duas lagoas: a Lagoa Negra ao lado da Lagoa Comprida. O miradouro integra ainda o trilho pedestre PR3 FLO – Miradouro das Lagoas – Poço do Bacalhau, que liga o planalto central às cascatas da Fajã Grande, proporcionando uma experiência completa do interior montanhoso até ao litoral.


Miradouro das Lagoas - Lagoa Negra e Lagoa Comprida
Miradouro das Lagoas - Vista panorâmica da Lagoa Negra e Lagoa Comprida

Este conjunto de crateras revela a interação única entre a água e a atividade vulcânica, tornando-se um dos cartões-postais naturais da ilha e um dos pontos altos de qualquer visita às Flores.


Turfeiras do Planalto Central




O planalto central da Ilha das Flores é uma das áreas mais singulares do arquipélago, onde a altitude e a elevada pluviosidade criaram um ecossistema de grande valor ecológico. A paisagem é marcada pelas extensas turfeiras, que funcionam como verdadeiras esponjas naturais, regulando o ciclo da água e alimentando nascentes e ribeiras que descem em cascatas até à costa. Entre os tapetes de musgos e turfa surgem manchas de cedro-do-mato, espécie endémica dos Açores que reforça o caráter único deste habitat.


Formadas sobretudo pelo crescimento do musgão (Sphagnum), as turfeiras acumulam matéria vegetal ao longo de milhares de anos sem completa decomposição, graças ao ambiente permanentemente húmido. Com uma grande capacidade de retenção de água, estes ecossistemas são fundamentais para a paisagem da ilha: garantem a existência das lagoas e o caudal das ribeiras que alimentam as célebres quedas de água.


Turfeira das Flores é considerada a maior e melhor preservada da Europa. Para além do seu papel hídrico, assume também um valor ambiental global, funcionando como importante reservatório de carbono e contribuindo para mitigar os efeitos das alterações climáticas. Passear pelo planalto é, por isso, mergulhar num território onde a natureza se revela em equilíbrio delicado — entre lagoas, turfeiras e florestas endémicas que fazem das Flores uma ilha verdadeiramente única.


Quedas de Água


A abundância de chuvas e o relevo montanhoso deram origem a dezenas de quedas de água, muitas delas com dezenas de metros de altura, que transformam a paisagem num verdadeiro espetáculo natural.


Poço da Ribeira do Ferreiro (ex-líbris da Ilha)




Também conhecido como o Poço da Alagoinha ou Lagoa das Patas, este local mágico é formado por uma falésia coberta de vegetação luxuriante, de onde descem em simultâneo mais de 20 quedas de água que se acumulam numa lagoa serena, criando um quadro natural de rara beleza.


O local integra a Zona da Reserva Florestal do Morro Alto, uma área de proteção ambiental que preserva tanto a vegetação endémica como a vida selvagem. O nome “Lagoa das Patas” surgiu pela presença frequente de patos-bravos, sobretudo durante a época de migração.


Acesso: O trilho de acesso, com cerca de 700 metros (20 a 30 minutos a pé), é curto mas apresenta piso irregular e ligeira inclinação. No final, o visitante é recompensado com a visão da lagoa e das cascatas, num ambiente de tranquilidade absoluta.


Dica: a visita ao final da tarde é particularmente especial, pois a posição do sol ilumina a parede verdejante e as quedas de água, revelando tonalidades vibrantes e oferecendo uma experiência ainda mais mágica.


Poço do Bacalhau




Situado na Fajã Grande, é uma das cascatas mais altas da ilha, com cerca de 90 metros. A queda termina numa piscina natural onde, nos dias mais quentes, é possível dar um mergulho refrescante. O local é de fácil acesso e um dos mais fotografados da ilha.


Acesso: Curta caminhada desde a estrada da Fajã Grande; o trilho é fácil e seguro, adequado para famílias.


Queda de Água da Ribeira Grande


A queda de água mais elevada nas Flores, com aproximadamente 180 metros, resultando numa neblina que parece suspensa no ar. Menos acessível e mais afastada da estrada, destaca-se pela sua verticalidade impressionante. A cascata é visível de vários miradouros do percurso pedestre que liga a Fajã Grande a Lagedo.


Ao longo da costa na zona da Fajã Grande, surgem várias quedas de água, que descem em sucessão pelos paredões verdes da ilha, caindo diretamente para o mar. Da zona balnear da Fajã Grande é possível admirar esta paisagem enquanto tomamos banho do mar, criando um momento inesquecível.


As cascatas das Flores são um belo espetáculo visual que resulta da combinação entre um relevo montanhoso, um clima atlântico e uma grande abundância de água.



Orla Costeira Florentina



A costa das Flores é marcada por contrastes: arribas vertiginosas que parecem erguer-se diretamente do mar, enseadas abrigadas onde se escondem pequenas fajãs e uma sucessão de grutas marinhas que dão ao litoral um caráter recortado e dramático. Em dias de mar calmo, a lava negra revela fundos marinhos de grande riqueza, tornando a ilha um destino de eleição para mergulho e observação de vida marinha.


Geossítio do Litoral de Santa Cruz


Na zona de Santa Cruz, a paisagem costeira mostra-se profundamente esculpida: pontas rochosas, enseadas e piscinas naturais convivem com as marcas da atividade vulcânica antiga.



Centro de Interpretação Ambiental do Boqueirão, instalado numa antiga fábrica baleeira, dá continuidade a esta ligação entre terra e mar, destacando a biodiversidade marinha, as aves migratórias e os cetáceos que frequentam estas águas.




Morro dos Frades


A norte de Santa Cruz ergue-se o Morro dos Frades, uma curiosa formação rochosa em que a imaginação popular vê as silhuetas de um frade e de uma freira.


Ilhéu de Monchique


Avançando em direção ao Atlântico, o Ilhéu de Monchique marca o ponto mais ocidental da Europa. Este rochedo negro, solitário no oceano, foi durante séculos uma referência de navegação para os marinheiros que cruzavam o Atlântico Norte. Olhar para o ilhéu, a partir da Vigia da Ponta Negra ou do Farol do Albernaz, é sentir estar no “fim da Europa” a contemplar o início da vastidão oceânica.


Geossítio da Fajã Grande e da Fajãzinha


Fajã Grande - Ilha das Flores

Na vertente ocidental da ilha, a Fajã Grande e a Fajãzinha compõem uma das paisagens litorais mais impressionantes dos Açores. A arriba fóssil, com cerca de 300 metros de altura, está sulcada por quase duas dezenas de quedas de água, incluindo a da Ribeira Grande, que se impõe como uma das maiores cascatas da ilha. Para além da geologia e da natureza, estas fajãs abrigam povoados pitorescos, com destaque para a Aldeia da Cuada, hoje recuperada para o turismo rural.




Zona Balnear da Fajã Grande


Este é um dos espaços mais procurados da ilha durante a época balnear. Com algumas margens relvadas, bancos e mesas para piqueniques, um simpático restaurante com esplanada, entre outras infraestruturas, torna-se um dos ex-líbris da região.




Fajã de Lopo Vaz: memória do povoamento


Na costa sul, a Fajã de Lopo Vaz destaca-se como um dos primeiros locais a serem habitados na ilha. O acesso faz-se por um trilho pedestre que desce a falésia até um pequeno paraíso de microclima quase tropical, onde crescem espécies agrícolas como bananeiras e vinha. No sopé, uma nascente de água potável e uma praia de areia negra e seixos completam o cenário. Este geossítio é também um testemunho vivo da instabilidade geológica das arribas, já que a vizinha Ponta da Rocha Alta deu origem a uma fajã em 1985, após um desmoronamento.



Entre falésias imponentes e fajãs serenas, a costa das Flores recorda-nos que aqui a terra e o mar vivem num diálogo eterno de beleza e mistério.


Formações Naturais Singulares


Entre os ícones da paisagem florentina, destaca-se a Rocha dos Bordões, uma impressionante formação de colunas prismáticas de basalto, resultado do arrefecimento lento de uma antiga escoada lávica. Erguendo-se como um imenso órgão de pedra na encosta sudoeste da ilha, é considerada uma das imagens mais marcantes das Flores.


Rocha dos Bordões

Estas formações naturais singulares revelam a força geológica que moldou a ilha das Flores são um convite a explorar a beleza e simbolismo da ponta mais ocidental da Europa.


Miradouros


A ilha das Flores conta com diversos miradouros estrategicamente localizados, que permitem apreciar a grandiosidade das suas paisagens, desde fajãs e cascatas até vistas sobre o oceano e formações rochosas singulares.


Miradouro do Portal


📍 Localização: Fajãzinha / Lajes das Flores



Do Miradouro do Portal é possível observar a Fajãzinha e parte da Fajã Grande, fajãs lávicas formadas pela acumulação de sedimentos transportados pelas ribeiras e pelas quebradas da arriba fóssil. Esta arriba, com cerca de 300 metros de altura, é marcada por inúmeras cascatas que descem em direção ao mar, criando uma das mais belas geopaisagens litorais dos Açores.


Miradouro de Ponta Delgada


📍 Localização: Ponta Delgada / Santa Cruz das Flores


Do alto deste miradouro é possível avistar a freguesia de Ponta Delgada e, em dias claros, a vizinha ilha do Corvo.


Miradouro da Fajã do Conde


📍 Localização: Caveira / Lajes das Flores


Situado na costa este da ilha, oferece vista sobre a Fajã do Conde e a freguesia da Caveira, área classificada pela sua importância ecológica e paisagística.


Miradouro da Rocha dos Bordões


📍 Localização: Rocha dos Bordões / Lajes das Flores


Miradouro da Rocha dos Bordões

Ponto privilegiado para contemplar a emblemática Rocha dos Bordões, uma impressionante formação de colunas basálticas resultante do arrefecimento lento da lava. Um dos maiores ícones naturais da ilha das Flores.


Miradouro do Craveiro Lopes


📍 Localização: Fajãzinha / Lajes das Flores


Permite apreciar a imponência da arriba fóssil com as suas cascatas, a Fajãzinha, o Poço da Alagoinha e até o ilhéu de Monchique. Um dos panoramas mais completos da ilha.


Miradouro da Fajãzinha


📍 Localização: Fajãzinha / Lajes das Flores


Vista sobre a freguesia da Fajãzinha, implantada numa fajã lávica formada por antigas escoadas em contacto com o mar. Um recanto tranquilo, emoldurado por encostas verdejantes.


Miradouro do Pico Alto


📍 Localização: Achada - Lajes das Flores


Deste miradouro, situado no ponto mais alto das Flores e localizado na Reserva Natural do Morro Alto e Pico da Sé, observa-se toda a ilha, incluindo o aparelho vulcânico designado por Testa da Igreja, assim com o Pico da Sé.



Cada miradouro oferece uma perspetiva distinta da ilha, tornando-se paragens obrigatórias para compreender a singularidade geológica e a beleza natural das Flores.


Património e Cultura


A Freguesia de Mosteiro


O Mosteiro é a freguesia mais pequena dos Açores em população, com apenas algumas dezenas de habitantes. De origem remota, o seu nome terá surgido pela semelhança de grandes rochedos a torres de um edifício monástico. Entre os campos cultivados e as casas brancas que se destacam no verde da paisagem, ergue-se a Igreja da Santíssima Trindade, construída em meados do século XIX graças ao financiamento do aventureiro António de Freitas, natural da ilha que fez fortuna em Macau.


Sepultura de António de Freitas - Mosteiro

Curiosamente, a história de António de Freitas mistura-se com episódios de pirataria e tráfico de ópio. A sua sepultura, que se encontra no cemitério junto à igreja, é até hoje envolta em mistério e lendas, tornando-se um dos elementos mais intrigantes da freguesia.


Caldeira do Mosteiro


A Caldeira do Mosteiro guarda a memória de uma pequena aldeia hoje abandonada. Este núcleo populacional, isolado pelo relevo acidentado da costa ocidental da ilha, foi durante séculos testemunho da resiliência das comunidades rurais que viviam do cultivo da terra e da pastorícia.


A aldeia foi sendo progressivamente abandonada, devido à dureza das condições de vida, tendo o seu último habitante saído em 1992. Alguns habitantes mudaram-se para o Mosteiro, onde já havia eletricidade e água canalizada, outros emigraram para os EUA.



A aldeia da Caldeira do Mosteiro, situada numa caldeira vulcânica e com uma pequena ribeira a serpentear entra as casas é um local mágico, que vai ganhar uma nova vida através de um novo projeto para um eco-resort que pretende fazer a recuperação das antigas casas e palheiros.


Azenha da Fajãzinha



Construída em 1862, a Azenha da Fajãzinha, também conhecida como Moinho da Alagoa, é movida pelas águas do rio Alagoa. O espaço mantém-se em funcionamento graças ao trabalho da moleira Fátima Serpa, que continua a moer milho com métodos tradicionais e a distribuir farinha por vários pontos da ilha.


A visita ao moinho é possível nos dias úteis, entre as 13h e as 17h, oferecendo não só a oportunidade de conhecer de perto esta arte tradicional, mas também oferece uma vista privilegiada para a impressionante cascata da Ribeira Grande, com os seus 180 metros de altura.


Farol de Albernaz


Farol de Albernaz

Farol da Ponta do Albernaz, inaugurado em 1925, é o farol mais antigo dos Açores ainda em funcionamento e também o mais ocidental da Europa. Ergue-se sobre uma alta falésia no extremo noroeste da ilha das Flores, com uma torre cilíndrica branca de 15 metros de altura e lanterna vermelha, cujo alcance luminoso chega aos 41 km.


Construído de frente para as rotas marítimas que cruzavam o Atlântico, foi durante décadas um ponto crucial de orientação para a navegação. Hoje, continua ativo e pode ser visitado através de visitas guiadas pelo faroleiro residente, uma oportunidade para compreender o funcionamento e a importância deste tipo de estruturas.


A sua localização privilegiada proporciona uma das mais amplas panorâmicas da ilha: a oeste, o ilhéu de Monchique — ponto mais ocidental da Europa — e a norte a ilha vizinha do Corvo. Para além da paisagem, é também um excelente local para observação de aves, já que muitas espécies migratórias encontram aqui o primeiro ponto de paragem ao chegar às Flores.


Vale ainda a pena estender a visita até à freguesia de Ponta Delgada, a apenas 3 km, uma povoação com séculos de história ligada ao mar e à vida rural.



Experiências e Vivências na Ilha das Flores


Trilhos Pedestres


A ilha é atravessada por vários Percursos Pedestres de Pequena Rota (PR) e também por parte do Grande Roteiro (GR01 – Flores/Corvo), oferecendo cenários que vão desde falésias dramáticas até fajãs e lagoas.


  • PR1 FLO – Fajã Grande / Ponta Delgada, ao longo da costa ocidental - encontra-se interdito por motivos de segurança (derrocadas), pelo que deves evitá-lo.

  • PR2 FLO – Lajedo / Fajã Grande, conhecido pelas cascatas;

  • PR3 FLO – Miradouro das Lagoas / Poço do Bacalhau, ideal para ver várias lagoas;

  • PR4 FLO – Fajã de Lopo Vaz - único acesso terrestre à fajã, um dos primeiros locais povoados da ilha. O trilho inclui uma antiga escadaria em pedra.



Estes percursos estão bem sinalizados e são a melhor forma de sentir a natureza intensa das Flores.


👉 Em julho de 2026 vamos regressar à Ilha das Flores e ao Corvo numa viagem especial. Temos apenas 3 vagas disponíveis – se queres viver esta aventura, fala connosco!




Gastronomia


Gastronomia - Ilha das Flores

A cozinha florentina reflete séculos de isolamento e engenho. A carne de porco em salmoura, cozida com batata e couve, recorda tempos de inverno em que o mar não permitia pescar. Outros pratos típicos incluem:


  • Inhame com linguiça

  • Sopa de agrião

  • Tortas de erva-patinha (omeleta com algas marinhas)

  • Albacora assada no forno

  • Caldeirada de congro


queijo curado das Flores é um ex-líbris, tal como os doces de araçá e o mel com aroma das flores abundantes da ilha.


Onde Comer


  • Santa Cruz das Flores: O Moreão (peixe fresco e sopa de peixe), Fora d’horas (refeições rápidas e caseiras), Queijaria Val da Fazenda, restaurante do Hotel Ocidental.

  • Fajã Grande: Papadiamandis (vista para o pôr do sol), Maresia (experiência gastronómica sem ementa, em ambiente familiar), Aldeia da Cuada (inserido num alojamento rural).

  • Fajãzinha: Restaurante Pôr do Sol, Queijaria Pico Redondo.

  • Lajes das Flores: Casa dos Reis (produtos biológicos, só dinheiro), O Forno Transmontano, Pastelaria Rosa (queijadas florentinas).


Onde Ficar


A oferta de alojamento vai desde hotéis em Santa Cruz, como o Hotel Ocidental, até casas de turismo rural e alojamentos locais espalhados pela ilha. A Aldeia da Cuada, na Fajã Grande, é um dos locais mais icónicos, recuperando uma aldeia abandonada nos anos 60 e transformando-a num espaço de charme.


Passeios de Barco



Explorar a costa vista do mar é uma das experiências mais memoráveis. Os passeios permitem observar falésias, cascatas e grutas inacessíveis por terra. A Gruta dos Enxaréus é um dos pontos alto, uma enorme cavidade que pode ser visitada de barco.


Dicas Práticas de Viagem


  • Usa sapatos de água nas piscinas naturais ou praias.

  • Tem atenção a alforrecas e caravelas portuguesas.

    • Picada de alforreca: não coces, não laves com água doce nem álcool; lava com água do mar.

    • Picada de caravela portuguesa: procura cuidados médicos.

  • Em alguns locais há correntes fortes: evita arriscar mergulhos.


Explorar a Ilha das Flores é mergulhar num território autêntico, onde a natureza dita o ritmo e a vida quotidiana se entrelaça com tradições centenárias. Seja ao percorrer trilhos que revelam paisagens de cortar a respiração, saborear a gastronomia marcada pelo mar e pela terra, ou simplesmente contemplar o pôr do sol sobre o Atlântico, cada experiência torna-se memória inesquecível.



Corvo - A Ilha Preta


A Ilha do Corvo é frequentemente chamada de “Ilha Preta” devido às suas rochas vulcânicas escuras, resultado da sua origem geológica. É a menor ilha dos Açores, com uma paisagem marcada por basalto negro, que contrasta com a vegetação e a Lagoa do Caldeirão no interior.



Com apenas 17,1 km² de superfície e cerca de 400 habitantes (Censos 2021), o Corvo é a mais pequena das ilhas açorianas e uma das mais singulares. Descoberta por volta de 1452 por Diogo de Teive, foi inicialmente designada Insula Corvi, em referência aos numerosos corvos-marinhos avistados. Juntamente com as Flores, forma o Grupo Ocidental do arquipélago.


Apesar da sua dimensão reduzida, o Corvo guarda uma identidade própria, marcada pelo isolamento frequente em tempos de mau tempo e pela resiliência da sua comunidade.


Paisagem Natural


O ex-libris da ilha é o Caldeirão, a vasta cratera do antigo vulcão central, com cerca de 300 metros de profundidade. No seu interior, uma lagoa pouco profunda acolhe pequenos cones vulcânicos, que muitos dizem reproduzir em miniatura o mapa dos Açores.


A orla costeira é marcada por falésias abruptas e inacessíveis, com exceção da zona sul, onde se situa Vila Nova do Corvo. Destacam-se ainda o Morro dos Homens (718 m), o Morro do Pão de Açúcar, o Monte Grosso (770 m) e as formações rochosas do Cavaleiro e Marco.


A ilha é também um ponto de referência para observação de aves migratórias, funcionando como primeira paragem no Atlântico para espécies vindas da América e da Europa.


Cultura e Património



A única povoação da ilha, Vila Nova do Corvo, assenta numa fajã lávica. O casario de basalto com debruados brancos e as “canadas” (ruas) calcetadas com seixos rolados conferem-lhe um ambiente único. Ainda hoje subsiste a tradição das fechaduras de madeira, símbolo de confiança e proximidade entre vizinhos.


Pontos de interesse:


  • Igreja de Nossa Senhora dos Milagres, padroeira da ilha, com imagem flamenga da Virgem e o Menino.

  • Museu e Centro de Interpretação do Corvo, que preserva a história e o património da comunidade.

  • Moinhos de vento do Alto dos Moinhos, de inspiração mediterrânica, diferentes dos restantes Açores.


O povo corvino orgulha-se da sua história de resistência: em 1587 enfrentou o saque de corsários ingleses, e em 1632 a comunidade conseguiu repelir uma tentativa de desembarque de piratas argelinos.


Experiências e Vivências


  • Trilhos pedestres: do centro da vila até ao Caldeirão, sempre a subir, entre hortênsias e muros de pedra, com vistas deslumbrantes no miradouro do Monte Gordo.

  • Passeios de barco: contornar a ilha revela grutas marinhas, falésias e permite avistar aves, golfinhos e até baleias.

  • Gastronomia: pratos típicos como as tortas de ervas do calhau, as couves da barça, couves fritas e o queijo artesanal do Corvo.

  • Hospitalidade: no Corvo todos se conhecem, e a experiência de alojamento em pequenas casas ou residenciais é marcada pela proximidade e partilha comunitária.


Informações Úteis


  • Como chegar: voos inter-ilhas (apenas 15 minutos entre Flores e Corvo).

  • Por mar: ligações sazonais em barco entre Santa Cruz das Flores e Vila Nova do Corvo.

  • Tempo de visita: pode ser explorada em 1 dia, mas uma estadia mais prolongada permite viver de forma plena o ritmo lento e autêntico da ilha.


Conclusão


Visitar as Flores e o Corvo é entrar num dos recantos mais autênticos do Atlântico. Na Ilha das Flores, a natureza exibe toda a sua força — cascatas imponentes, lagoas escondidas, fajãs moldadas pelo tempo.

No Corvo, a pequenez geográfica contrasta com a grandeza da sua identidade: uma comunidade resiliente, um vulcão adormecido transformado em lagoa e um ritmo de vida marcado pela simplicidade e pela proximidade humana.


Entre os caminhos floridos e os muros de basalto, entre o som das águas e o voo das aves migratórias, descobres que estas ilhas não são apenas destinos — são experiências que transformam o olhar e ficam na memória.


E no fim, ao regressar, levas contigo não só a paisagem, mas também a sensação rara de ter tocado o coração intacto dos Açores.


👉 Em julho de 2026 vamos regressar à Ilha das Flores e ao Corvo numa viagem especial. Temos apenas 3 vagas disponíveis – se queres viver esta aventura, fala connosco!



Para Levar na Bagagem: Leituras Inspiradoras


Se quiseres prolongar a viagem pelas histórias e lendas ligadas ao Corvo e às Flores, duas obras merecem lugar na tua bagagem:


  • The Revenge – Lord Alfred Tennyson - Um poema épico inspirado no combate do galeão inglês Revenge, comandado por Sir Richard Grenville, contra a armada espanhola em 1591, ao largo dos Açores. Uma leitura curta mas intensa, que evoca coragem, resistência e o peso do destino.


  • O Cavaleiro da Ilha do Corvo - Romance histórico que recupera a memória de uma ilha remota e dos seus habitantes, entrelaçando realidade e lenda. A narrativa transporta-nos para o quotidiano duro mas digno da comunidade corvina, e para os feitos quase míticos que marcaram a sua identidade.

Comentários


Quimera Travel Experiences

Quimera Travel Experiences

RNAAT 628/2015

RNAVT 8466

Tel: (+351) 969 467 275 (+351) 962 647 741

Email: info@quimeratravelexperiences.com

  • Instagram
  • Facebook
  • LinkedIn
Contact us on WhatsApp
bottom of page
Reserve Agora Reserve Agora