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Foto do escritorCatarina Araújo

Lagos - Cidade das Descobertas



Marina de Lagos, Ponte levadiça de Lagos, Lagos


Este post é dedicado à cidade de Lagos, uma cidade cuja história nos remete para a época das descobertas marítimas.

As magníficas praias da Costa D’Oiro, o centro histórico, a cultura, o património, os percursos pedestres, a vibrante vida artística, a animação noturna e a gastronomia, são algumas das razões pelas quais escolher este destino para umas férias ou para uma “escapadinha”.

Vem daí connosco conhecer melhor esta cidade, que não cessa de encantar os seus visitantes, fazendo-os voltar mais e mais vezes.



História


Vários estudos arqueológicos apontam 2000 a.C. como a época da origem do povoamento de Lagos. O nome Lacobriga é de origem romana, e pensa-se estar associado ao grande número de lagos que se formavam nesta região.

A riqueza de pescado atraiu vários povos na Idade do Ferro como Fenícios, Gregos e Cartagineses, tornando-se um centro muito próspero. Com a época Romana, Lacóbriga tornou-se uma povoação muito importante para o império, tendo havido vários núcleos populacionais ao longo da baía de Lagos. Os muçulmanos ocuparam-na a partir do século VIII e deram-lhe o nome de Zawiya. Este povo construiu muralhas e cercas para sua proteção, devido à importância estratégica e localização privilegiada de acesso a Silves, a capital de todo o reino Andaluz. Em 1249 foi conquistada aos mouros por D. Paio Peres Correia. Durante o reinado de D. Afonso IV as muralhas foram reconstruídas e o Governo Militar do Algarve estabeleceu-se aqui.

Foi durante o reinado de D. João I (1385 - 1433), que a vila atingiu o expoente máximo da sua importância, tornando-se a base para os Descobrimentos. Devido à sua localização virada para África, durante 40 anos os navegadores partiram daqui para explorar o continente africano, dando início a um comércio de mercadorias exóticas, marfim e ouro. Nesta época muitas igrejas foram construídas e a cidade cresceu com o estabelecimento de muitos comerciantes. Em 1573 D. Sebastião promove Lagos a cidade.

O terramoto e maremoto de 1755 destruiu grande parte da cidade, que só voltou a recuperar a sua prosperidade a partir de meados do século XIX, com o estabelecimento de várias fábricas de conservas.



Roteiro para conhecer Lagos


Marina de Lagos


Sugerimos iniciar o roteiro pela Marina de Lagos. Aqui podes encontrar várias esplanadas, cafés e restaurantes onde sabe bem saborear uma bebida ou uma refeição apreciando as vistas.

A marina de Lagos começou a funcionar em 1994 e, desde então foi visitada por mais de 40.000 barcos oriundos de todos os continentes e de mais de 100 diferentes nacionalidades.


Sugestão: podes chegar até à Marina de Lagos de comboio; é uma bonita viagem onde podes admirar as vistas para a Ria de Alvor e a Meia Praia. O antigo edifício da estação de caminhos de ferro é um edifício de arquitetura tradicional, com azulejos verdes e brancos.


Atravessa a ponte levadiça pedonal em direção ao centro de Lagos e continua o teu passeio junto à Ribeira de Bensafrim, pela Avenida dos Descobrimentos onde se encontram vários tendas de venda ambulante.


Marina de Lagos


Caravela Boa Esperança


Ancorada no Cais da Ribeira de Bensafrim, encontra-se a Caravela Boa Esperança. Esta embarcação é uma réplica das caravelas portuguesas usadas na epopeia dos Descobrimentos. O seu nome vem do Cabo dobrado em 1488 por Bartolomeu Dias - o Cabo da Boa Esperança ou Cabo das Tormentas.

A Caravela Boa Esperança foi fabricada em Vila do Conde com o objetivo de servir para treino de mar e vela e para participar em provas e outros eventos náuticos. Em 2001 foi adquirida pela região de Turismo do Algarve e ancorada em Lagos. Desde então tem servido o propósito de divulgar a história do Algarve, percorrendo longas milhas naúticas pelo mundo fora. Também já serviu de cenário para filmes e documentários e já recebeu muitos turistas e estudantes para visitas guiadas sobre a vida dos marinheiros portugueses da época.

Nas suas velas está ostentado o símbolo da Cruz de Cristo, de cuja ordem o Infante D. Henrique foi regedor. As armas do Infante podem ser observadas no mastro principal.

À data de escrita deste post (Agosto de 2023) ainda não é possível visitar o Centro Interpretativo da Caravela Boa Esperança, mas em breve este será reaberto ao público.


Caravela Boa Esperança


Mercado Municipal de Lagos


O Mercado Municipal de Lagos, ou Mercado da Avenida, encontra-se um pouco mais à frente nesta avenida e está aberto de 2ª a sábado, das 8h às 14h.

Vale a pena conhecer este mercado pelas suas bancas cheias de cor, o peixe acabado de chegar do mar, os produtos frescos e a azáfama dos lacobrigenses e turistas a fazerem as suas compras.

O edifício foi construído em 1924 e restaurado em 2004. Neste restauro recebeu um admirável painel de azulejos do artista Xana e um painel evocativo da autora Sofia de Mello Breyner Andresen, onde se pode ler o seu poema “O Caminho da Manhã” com referência a este mercado.

No 1º andar existem um restaurante e um terraço com uma vista magnífica para a baía de Lagos.


Mercado Municipal de Lagos


Praça Gil Eanes


No centro da Praça Gil Eanes encontra-se a estátua a El Rei D. Sebastião do escultor João Cutileiro.

Esta praça, localizada no centro da cidade, é muito movimentada e é frequente encontrarmos muita animação de rua, como espetáculos musicais e vendas ambulantes.

Encontra-se aqui o antigo edifício dos Paços do Conselho, construído em 1836 para a instalação da Câmara Municipal de Lagos, cujo edifício havia sido destruído pelo terramoto. É, hoje em dia, sede da Assembleia Municipal e tem um grande salão e salas para exposições temporárias temáticas. No andar de baixo, podes encontrar um posto da PSP, um balcão de informações turísticas e a Fototeca Municipal de Lagos.

Aqui estavam localizadas as bicas que forneciam água aos aguadeiros da cidade. Após uma intervenção, as bicas foram retiradas.


Praça Gil Eanes - Lagos, Estátua D. Sebastião

Continua a passear pelas ruas de Lagos em direção ao Centro Histórico, pela típica Rua da Barroca.


Rua da Barroca


Até ao ano de 1960, a rua da Barroca era separada da ribeira de Bensafrim pela muralha. Hoje em dia, é uma das mais típicas ruas de Lagos, devido aos seus arcos.

Escavações arqueológicas encontraram aqui evidências da existência de um povoamento fenício datado do século VIII a.C.

Sobe pela rua da Barroca passando pelo antigo Hospital Militar, que é hoje a Messe Militar, até à Praça do Infante.

Observa o pano de muralhas adjacente ao parque de estacionamento subterrâneo, onde podes encontrar vários fósseis marinhos que testemunham a presença da linha de costa de antigamente.




Praça Infante D. Henrique


A Praça Infante D. Henrique é a praça principal de Lagos, onde se ergue a estátua do Infante D. Henrique. Encontras aqui vários edifícios históricos como o edifício conhecido como "Mercado do Escravos" onde foi inaugurado o Núcleo Museológico da Rota da Escravatura, a Igreja de Santa Maria (ou igreja matriz), e o Armazém Regimental.


Praça Infante D. Henrique, Lagos

Estátua do Infante D. Henrique, em Lagos

Antes de ser Praça Infante D. Henrique, esta praça já teve outras designações: Praça de Touros, Praça do Pelourinho, Praça do Município, Praça da Constituição e Praça da República.

No centro da praça está a estátua do Infante D. Henrique, inaugurada em 1960, por ocasião dos 500 anos da sua morte. Nas suas mãos está o sextante, instrumento usado para a navegação marítima, muito antes da invenção do GPS.


O Infante D. Henrique foi uma figura importante nos primórdios da Era dos Descobrimentos. Foi responsável pelo desenvolvimento inicial das explorações marítimas. Quando se apercebeu de que o Algarve tinha uma posição estratégica perto de Marrocos e possuía uma mão-de-obra experimentada no mar, começou a ficar cada vez por mais tempo no Algarve, trazendo os seus conhecimentos científicos e náuticos e recrutando homens para as suas viagens à costa de África.

Em 1419, o pai de D. Henrique nomeou-o governador da província do Algarve. Nesta época, inúmeras mercadorias africanas e também escravos, chegavam ao porto de Lagos.




Mercado dos Escravos


Este núcleo museológico dá a conhecer alguns aspetos do comércio de escravos que teve lugar em Lagos no século XV, convidando a uma reflexão sobre este capítulo sombrio da nossa história.

“Considerado a maior tragédia da história humana, por sua duração e sua amplitude, e, também, uma estranha forma de globalização, o tráfico de escravos provocou, em nível global, profundas transformações que explicam, em parte, as configurações geopolíticas e sócio-econômicas do mundo contemporâneo".

Rota do Escravo, Unesco, 2006


Escavações numa antiga lixeira municipal da cidade, a propósito da construção de um parque de estacionamento subterrâneo, permitiram encontrar mais de 150 esqueletos humanos que estudos comprovaram tratar-se de indivíduos africanos trazidos para Lagos como mercadorias através das rotas comerciais da época.

No local foi construído um parque de estacionamento e um campo de mini-golfe, o que foi criticado por alguns arqueólogos uma vez que a autarquia tinha assinado um protocolo com a Unesco para a instalação de um museu, um memorial onde foram encontrados os esqueletos e um centro de estudos sobre a escravatura.

O museu da escravatura foi instalado no antigo edifício da Vedoria, edificado no século XVII, e que desempenhou também as funções de Alfândega, Casa da Guarda e Prisão Militar.


Mercado dos Escravos, Lagos


Armazém Regimental


A data de construção deste edifício é o ano 1665. Destinava-se a armazenar produtos trazidos pelas naus e, sobre as suas portas está o escudo de Armas do Reino dos Algarves.

Hoje em dia o edifício é usado para acolher várias exposições de artistas e artesãos locais.


Armazém Regimental, Lagos

Da Praça do Infante, segue até ao Jardim da Constituição, onde podes admirar um belo tríptico de João Cutileiro alusivo à Batalha de Alcáçer Quibir.


tríptico de João Cutileiro alusivo à Batalha de Alcáçer Quibir, Lagos, Jardim da Constituição

Foi de Lagos que D. Sebastião partiu na fatal expedição militar a Alcáçer Quibir, com o fim de conquistar o território de Marrocos.

O misterioso desaparecimento de D. Sebastião deu origem à formação do "Mito do Sebastianismo", ainda muito presente na memória do povo português, sobretudo na literatura portuguesa. O povo, recusando o destino trágico do rei, tinha a convicção de que este regressaria num dia de nevoeiro.



Castelo dos Governadores


Este monumento, também conhecido como Castelo de Lagos, é um monumento militar que terá tido, segundo alguns historiadores, origem árabe.

Sabe-se porém que, após a reconquista, deu-se início à reconstrução de uma estrutura defensiva à volta do que é hoje o Centro Histórico de Lagos. O castelo de Lagos foi construído no século XV e terá sido provavelmente o Paço do Infante D. Henrique.

No século XVI após a expansão urbana e rápido crescimento económico de Lagos, uma segunda linha de muralhas foi construída.

O castelo foi ampliado durante este período, começando a ser utilizado como residência dos Capitães Generais e Governadores do Reino do Algarve, quando Lagos se tornou capital do Reino do Algarve.

O Castelo foi devastado pelo sismo em 1755, nunca chegando a ser reconstruído. Foi cedido à Misericórdia de Lagos e convertido num hospital. O que resta do monumento até aos dias de hoje é a fortaleza no Jardim da Constituição.


Castelo dos Governadores, Jardim da Constituição, Lagos


A Janela de D. Sebastião


Janela Manuelina, Lagos, D. Sebastião

Situada no Castelo dos Governadores, reza a lenda que foi desta janela que D. Sebastião assistiu a uma missa antes de partir para a expedição militar a Marrocos, em 1578, de onde não viria a regressar.


A janela está virada para o Antigo Cais. O mar chegava aqui até ao ano de 1960, até à construção da antiga avenida da Guiné (hoje em dia Avenida dos Descobrimentos).

Existiam duas portas, entre o Castelo dos Governadores e a Casa da Dízima, articuladas com a muralha quinhentista que permitiam o acesso ao Antigo Cais, assim como circular entre as muralhas.

Ainda no Jardim da Constituição encontra-se uma estátua de homenagem ao lacobrigense Gil Eanes, escudeiro do Infante D. Henrique. Tornou-se famoso por ter dobrado o Cabo Bojador em 1434.



Arco de São Gonçalo


A Porta de São Gonçalo é umas portas de entrada e saída da Vila Adentro. Encontra-se ladeada por duas torres albarrãs.

Sob o Arco de São Gonçalo, que se abre para a Rua da Barroca, foi edificado, nos anos 40 um nicho e oratório dedicado a São Gonçalo, o Santo Padroeiro de Lagos. Segundo a tradição terá nascido numa casa próxima deste local.



Em pleno centro histórico de Lagos, um pouco atrás da Igreja de Santa Maria, encontra-se a Igreja de Santo António.


Igreja de Santo António



A igreja de Santo António foi reconstruída depois do grande terramoto de 1755 ter destruído a maior parte do edifício e a sua decoração em talha dourada. De estilo barroco, a sua aparência externa simples contrasta com a riqueza decorativa do interior, cuja decoração em talha dourada é considerada uma das mais bonitas de Portugal.

O templo pertencia à Irmandade de Santo António dos Militares do Regimento de Infantaria de Lagos.

O retábulo, que sobreviveu ao terramoto, é da autoria do entalhador Gaspar Martins. A restante talha dourada é atribuída ao entalhador Custódio Mesquita. No teto está um belíssimo trabalho de pintura com imitação de uma abóbada e, no altar, um figura do padroeiro Santo António.

A visita ao interior da Igreja de Santo António está integrada no Museu Municipal Dr. José Formosinho.

Neste museu estão expostas diversas coleções do Dr. José Formosinho, que foram reunidas através de doações e das escavações arqueológicas por si organizadas. Inclui também um Gabinete de Curiosidades com uma coleção de peças científicas, algumas um pouco bizarras.


Foto de: Francisco Castelo / Câmara Municipal de Lagos


Painel Evocativo Igreja Santa Maria da Graça

Painel Evocativo Igreja Santa Maria da Graça, Lagos

A igreja de Santa Maria da Graça foi totalmente destruída no terremoto de 1 de Novembro de 1755. Nela esteve sepultado o Infante D. Henrique, falecido em Sagres a 13 de Novembro de 1460. Os seus restos mortais foram trasladados para o Mosteiro da Batalha.

A Igreja situava-se no interior das muralhas de Lagos, no Largo de Santa Maria da Graça, no alto de uma colina, junto a uma das entradas da povoação, a Porta da Vila.

No seu lugar ergueu-se um padrão evocativo pela Câmara Municipal de Lagos com uma epígrafe alusiva ao local.




As Muralhas de Lagos


Esta designação aplica-se ao restante perímetro da fortaleza de Lagos, composto de vários lanços de muralha e baluartes.

O conjunto foi reforçado no final do século XIII, pela construção de outras fortificações que cooperavam para a defesa da cidade e sua baía, entre as quais se destacam, entre outras, o Forte da Ponta da Bandeira e o Forte da Meia Praia.

A conclusão dos trabalhos de construção das fortificações deu-se durante o reinado de D. João III, mas estas foram bastante destruídas pelo terramoto de 1755.


Forte da Ponta da Bandeira


O Forte da Ponta da Bandeira, também conhecido por Fortaleza de Nossa Senhora da Penha de França ou Forte do Pau da Bandeira, é uma fortificação construída no século XVII para defender a cidade de Lagos.

O acesso à fortaleza é feito através de uma ponte levadiça sobre um fosso. No seu interior encontra-se uma capela dedicada a Santa Bárbara e um conjunto de azulejos de finais do século XVIII.

A vista desde o topo do Forte oferece uma paisagem magnífica sobre toda cidade e seu litoral envolvente que se estende por todo o horizonte marinho.


Forte da Ponta da Bandeira, Lagos

Para terminar este roteiro, propomos um passeio até ao ex-líbris de Lagos - a Ponta da Piedade. Segue em direção à Praia D. Ana e daí toma os passadiços em direção à Ponta da Piedade. De lagos à Ponta da Piedade é uma caminhada de aproximadamente 2 km.


Ponta da Piedade



Ponta da Piedade - Lagos

A Ponta da Piedade é um verdadeiro paraíso natural. Com as suas águas azul-esverdeadas e as suas formas únicas de falésias esculpidas pelo mar e pelo tempo, esta paisagem idílica é caracterizada por uma grande variedade de grutas, baías e pequenas praias desertas.

A pouca distância da linha da costa existem diversos ilhéus onde se podem observar diferentes espécies de aves como Falcões-peregrinos, Corvos, Gralhas-de-nuca cinzenta ou Andorinhões.

Desce pela escadaria até uma pequena enseada onde barcos de pescadores realizam passeios às maravilhosas grutas da costa de Lagos.



As arribas são essencialmente constituídas por biocalcarenitos, com grande abundância de fósseis. A erosão e fraturação destas rochas de tons ocres é muito intensa, sendo comum encontrarem-se estruturas características do modelado cársico, nomeadamente algares, grutas e leixões.

O Percurso Paisagístico-cultural da Ponta da Piedade, fruto de uma intervenção do município com a construção de passadiços e vários miradouros, tem uma extensão de 2 km e permite usufruir desta deslumbrante paisagem em total segurança.



Na Ponta da Piedade existia uma antiga ermida - a Ermida de Nossa Senhora da Piedade, que era um local de romaria e peregrinação.

Via Sacra, Lagos, Ponta da Piedade

A Nossa Senhora da Piedade é uma das formas de adoração do culto mariano cuja expressão e imagem foi muito difundida na nossa região. Da cidade até à ermida foram construídos os vários Passos da Via-sacra. A romaria era feita em procissão, a pé. Com a demolição da ermida passou a ser feita, uma vez por ano, de barco, com as embarcações de pesca de maior porte, engalanadas e facultando a viagem a todos os que quisessem nela participar. É hoje uma festividade a recuperar pelos pescadores de Lagos.


À direita: Os Passos da Via Sacra desde a cidade de Lagos até à antiga Ermida


A ermida foi demolida para a construção do Farol, que data de 1913 de modo a evitar obstáculos para a visão do mar.

Junto ao farol podemos ver o alojamento dos faroleiros e, no terreno em frente, uma cisterna que recebe a água das chuvas que os telhados colhem. O Farol projecta a luz a cerca de 20 milhas marítimas numa cadência de 5 clarões de 10 em 10 segundos. A sua altura, acima do nível do mar, é de 56,5 metros.


Farol da Ponta da Piedade em Lagos
Farol da Ponta da Piedade


As praias da Costa D'Oiro


Lagos tem um troço de costa conhecido como a Costa D’Oiro, que recebe o seu nome do tom da coloração das rochas e que integra algumas das mais belas praias do Algarve.

Vamos falar agora das acolhedoras praias de areias douradas e tranquilas águas límpidas, encaixadas no rendilhado rochoso desta porção da costa compreendida entre a Praia da Batata e a Ponta da Piedade.


Meia Praia



Apesar de não ser uma das praias rochosas da Costa D’Oiro não poderíamos deixar de falar desta conhecida praia, com um extenso areal que acompanha toda a baía de Lagos entre a Marina de Lagos e a Ria de Alvor. Desde o molhe norte da Ribeira de Bensafrim até ao molhe poente da Ria de Alvor são cerca de 5 km de areal.

Os passadiços sobre as dunas facilitam uma melhor circulação dos visitantes, permitindo a preservação da rica vegetação dunar. É uma boa praia para a prática de desportos náuticos.

Foi inspirado numa comunidade de pescadores que existia na Meia Praia, que José Afonso compôs o seu single “Os índios da Meia Praia”, em 1976.


Praia da Batata


Praia da Batata - Lagos
Praia da Batata - Lagos

Logo a seguir ao Forte da Bandeira surge o pequeno areal do Cais da Solaria, onde está localizado o Clube de Vela de Lagos, e donde partem os passeios de kayak até à Ponta de Piedade.

Depois do molhe sul da Ribeira de Bensafrim, fica a Praia da Batata, a mais próxima do centro de Lagos, dotada de vários equipamentos de apoio como restaurantes, wc, etc.

É uma praia rochosa, com um túnel escavado na rocha que dá acesso à Praia dos Estudantes.

Recomendamos que mantenha uma distância de segurança relativamente às arribas, devido ao perigo de derrocada.


Praia dos Estudantes



Na Praia dos Estudantes, um outro túnel dá acesso a uma pequena enseada com uma perspetiva única de uma passagem em arco construída para fazer a ligação entre as arribas e um leixão.

É uma praia sem vigilância onde podemos encontrar algumas plantas características de sapais como a barrilha, a salgadeira, o valverde-dos-sapais, e também caniços, que denotam a presença de água-doce.



Praia do Pinhão


Outra praia sem vigilância, à qual se pode aceder através de um percurso pedonal desde a Praia D. Ana sobre as arribas.

O areal está dividido ao meio por uma formação rochosa com vários arcos e grutas. Os dois areais são muito pequenos e desaparecem quase por completo durante a maré cheia.

Na parte Norte, foi construído um miradouro com uma escadaria que desce até ao mar, cujo acesso se encontra de momento vedado devido ao perigo de derrocada. Antes de este ser vedado, era possível, durante a maré cheia, mergulhar no mar diretamente desta estrutura.

Devido a uma extensa área rochosa submersa, é uma boa praia para os amantes de snorkeling.

Toda a extensão do areal se encontra inserido na zona de perigo de derrocada.


Praia do Pinhão, Lagos

Praia D. Ana


Disposta entre falésias rochosas, a Praia D. Ana foi reconhecida pela revista espanhola Condé Nast Traveller a melhor praia do mundo, em Setembro de 2013 e eleita a melhor praia portuguesa pelo TripAdvisor em 2015.

Devido à abundância de vida marinha nas formações rochosas, é uma excelente praia para a prática de snorkeling.

No acesso à praia, existe um miradouro com vista para os vários leixões dispersos no horizonte que é um ótimo local para tirar fotos.

Recentemente, foi feita uma intervenção de recarga artificial com areias do fundo do mar, com esta intervenção a praia perdeu alguma da sua beleza natural mas tornou-se mais segura para os banhistas.

A recarga do areal soterrou parcialmente algumas falésias e leixões envolventes, destruindo alguma da paisagem marítima, ecossistemas marinhos e importante biodiversidade da zona entre marés.




Praia do Camilo + Praia da Boneca


A Praia do Camilo adquiriu o seu nome por, no topo da falésia que a cerca, existir o restaurante O Camilo. Possui um areal dividido em duas bolsas de pequenas dimensões - A Praia do Camilo e a Praia da Boneca. Uma enorme formação rochosa divide o areal e é possível atravessá-la através de um túnel estreito escavado à mão.

O acesso à praia é feito através de uma longa escadaria com cerca de 200 degraus. Antes de iniciares a descida, aprecia a paisagem deslumbrante desta praia entre falésias, em forma de concha, com interessantes formações rochosas, e de águas límpidas e calmas, de cor azul-turquesa. Daqui avistam-se três ilhéus perto da costa.




Praia de Porto de Mós + Praia do Canavial


Subindo ao Miradouro da Atalaia, consegue-se uma vista magnífica para esta praia extensa e enquadrada por arribas altas que oferecem uma proteção contra os ventos do norte. Este miradouro oferece também uma panorâmica de toda a costa até Sagres.

As cores das arribas variam, consoante os materiais geológicos: os cinzentos das argilas e os laranjas dos arenitos e calcários.


Praia de Porto de Mós, Praia do Canavial, Miradouro da Ponta da Atalaia


Praia da Luz


A 7 km de Lagos encontra-se esta praia junto a um centro urbano bastante desenvolvido devido ao turismo. A vila da Luz era uma vila piscatória, mas hoje em dia é sobretudo focada no turismo familiar, sendo um destino de férias preferido para ingleses e outras nacionalidades.

O nome tem origem na Igreja da Nossa Senhora da Luz, a qual foi gravemente afectada pelo terramoto de 1755 e reconstruída pelos populares.

A história da Vila remonta aos tempos romanos, o que se constata através da presença das Ruínas Romanas da Vila da Luz, constituídas por um balneário para actividades termais e um complexo industrial constituído por tanques de salga de peixe.

A Fortaleza de Nossa Senhora da Luz localizada na Ponta da Calheta foi construída para proteger as armações de pesca do atum e contra os ataques de piratas. Junto ao mar, existe uma calçada, onde os visitantes podem caminhar e sentar-se em bancos com uma vista pitoresca sobre a baía.

A praia da Luz é uma praia rochosa, plena de poças com vida marinha, tal como anémonas, lapas, ouriços e esponjas. Na plataforma rochosa junto ao forte, no lado poente da praia, encontram-se bastante exemplares de fósseis marinhos de Nerinea algarbiensis, um pequeno caracol marinho.

Nestas plataformas rochosas encontramos também algumas cavidades escavadas na rocha designadas como marmitas de gigante.

Na zona nascente da praia, podemos encontrar uma rocha muito escura, conhecida como a Rocha Negra. Trata-se de uma antiga chaminé vulcânica de um filão vulcânico proveniente da Serra de Monchique.